Meu berço

Jamais entenderás, amiga amada,

O que se passa aqui na minha mente:

Se de triste, me vês dando risada,

Ou se me vês em pranto, de contente.

Ninguém que já tentou entendeu nada,

Por mais que eu me faça transparente.

É a minha natureza. E foi herdada,

Da gênese de um mundo diferente.

É da alma do caboclo, do caipira,

Todo esse antagonismo que inspira

No toque da viola o som plangente.

Só pode entender mesmo, o matuto,

O estranho sentimento que é fruto

Da origem cultural da nossa gente.

Roberto Barros
Enviado por Roberto Barros em 04/11/2006
Reeditado em 26/02/2007
Código do texto: T281843