Ela se foi

Ela se foi, deixou-me a morte companheira,

e traicionou-me a sorte, fútil, levadeira,

qual do clarão se faz a noite de repente,

mas cantam inda os sabiás inutilmente.

Ela se foi... A verdade é clara, deprimente,

e a negação a lívida ausência já desmente.

Felicidade, hoje emoção que é passageira

e se desfaz de súbito e parece asneira.

Ela se foi, não cansarei de repetir.

As vagas tardes de Domingo já não são

e abrigam tumbas que retumbam meu ferir.

Arrefeceu, despedaçando o coração

que fora mestre e condutor de meu porvir,

Fazendo do futuro uma experiência em vão...

Cirilo
Enviado por Cirilo em 05/11/2006
Reeditado em 12/03/2014
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