SONETO A FLORBELA ESPANCA

Sôfrega madrugada, decrépita fechadura,

insano incômodo a lhe silenciar os versos,

sem o afeto, degenerou-se com barbitúrico;

a vida e a morte incendiaram a clausura.

Florbela murchou silenciosa e solitária.

Amar? Amar indefinidamente, sempre!

Sofrendo a dor latente, gritante, na agrura,

a dor extravasada em amargas palavras.

Obra e vida confundida, exaltada,

a poesia acalentando a alma,

e suas feridas rotuladas em seu livro de mágoas.

Sofrem os amantes desta flor literária,

a dor pungente de escarafunchar teus versos

e silenciar ao rodapé de vossos anelos.

Sandro Colibri
Enviado por Sandro Colibri em 09/03/2011
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