Neste dia.

Neste dia amanhecido. Nesta colina sem beira. Eu choro.

Eu clamo. Eu oro. Eu lamento. E creio.

Nesta devassidão santa, que odeio, cheia de inglórias. Eu temo.

Neste momento solene...íngreme...tenho asco.

Neste dia, ressurgido, dos escombros tão paridos. Eu leio.

Eu faço que a roda da mente, represe, o dia.

Neste amassado manto, que envolve-me. Sinto frio.

Neste último pedaço, onde não há vento e fogo.Desfaleço.

Valer a pena, viver, nesse passo, sem cadência, sem pasto.

Neste dia resumido a dor. Eu rosno.

Eu assombro o dia. Eu carrego, e não enxergo saída.

O mundo lá fora nem amarelo está. Ele é cinza, e esnobe.

O tsunami não assusta o corrupto. Eu choro.

A fruta está podre. O imperador é nobre. Eu vomito.

Valéria Guerra
Enviado por Valéria Guerra em 14/03/2011
Código do texto: T2846978
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.