A SOMBRA DA LUZ

Veja, morto homem vivo, teu gole de oxigênio,

Sinta-o ao extremo pois és o derradeiro,

Minta que estás vendo luz no candeeiro,

Pois a noite tomou conta, o escuro é teu prêmio.

Fostes cinza criatura nos braços da vida,

Rude e rústico como solo rochoso,

E do amor desprezaste o colo carinhoso,

Beije então, o lábio ressecado de tua podre ferida.

Mortuárias e trajes que lhe cairão bem,

E o som de um silêncio desesperador,

Com a paz que só o desespero concede.

Tua vida te rejeita, então, vem,

Não tema, agora sou teu senhor,

És meu escravo, perfumado, que logo fede.