DESEJO 


Em mim a labareda do desejo
Qual lareira que o tempo não apaga
Soma e germe em incessante lampejo 
Infensos à razão da mente vaga.

Vãs barreiras por ela interpostas
Vãos pretextos para dissimular
Descambam como terra nas encostas
Quando as chuvas castigam sem parar.

Sucumbo então a essa força ingente
Ainda que pareça proibido
O desejo que insiste em me prender.

Rendo-me ao seu apelo e, coerente,     
Mando às favas o medo desmedido,
Doando-me por inteiro a você.