Eis a vida

Estas chinelas jogadas no canto da sala

E a toalha molhada estendida no varal

A janela aberta e a chuva lá fora resvala

Diretamente na cortina balançando no vitral.

Esta goteira sem concerto que estala

Ao cair insistentemente no piso meio oval

E os ratos brigando no teto que não cala

Eles roem o revestimento pela lateral.

Essa vida assim meio que equidistante

Deitada na cama sem a constante amar

Dia e noite, noite, e dia amargo semblante.

Essa mente difícil, confusa e distante

Esse mundo pequeno em repleto mal estar

Nesse quarto que me é eterno e fiel amante.