NA BOCA DA NOITE

Eu sinto meu, esse entardecer matizado

Essa nuvem de gris e dourado, a sorrir

Esse dia que está por ir, sem ter passado

Esse estado presente – do verbo sentir

Pressinto no vento os alaridos noturnos

Não são taciturnos os movimentos do ar

Esse cantar distante tem efeito profundo

E, se toca em meu mundo, eu viro lugar

E abrigo o tempo e multo as horas

Que ousarem ir embora antes de mim

Ou quiserem por fim em meu agora

Porque o céu se faz meu na boca da noite

E os açores do Mar despertam em mim

Um amor singular de todas as cores!

Ivone Alves Sol