Abstinência
Não escrevo bem sei, já faz tanto.
Sem espanto, eu espero, pois devo,
e sem trevo, ou bolero ou encanto,
tecer mantos sem reis, meu relevo.
Eis que atrevo e à moldura me zero
no que eu quero compor, feito lei:
suportei certo ardor, não prospero
no que é mero, sem cura, eu jurei,
feito um frei, comungar vasta cor;
meu horror, que obstina a bravura,
nesta altura, a tal sina em valor.
Vou impor, meu lugar, de clausura,
tão censura, esquecida em campina,
sou rapina, e, escura e vã vida...