Abstinência

Não escrevo bem sei, já faz tanto.

Sem espanto, eu espero, pois devo,

e sem trevo, ou bolero ou encanto,

tecer mantos sem reis, meu relevo.

Eis que atrevo e à moldura me zero

no que eu quero compor, feito lei:

suportei certo ardor, não prospero

no que é mero, sem cura, eu jurei,

feito um frei, comungar vasta cor;

meu horror, que obstina a bravura,

nesta altura, a tal sina em valor.

Vou impor, meu lugar, de clausura,

tão censura, esquecida em campina,

sou rapina, e, escura e vã vida...

Amargo
Enviado por Amargo em 17/04/2011
Código do texto: T2915213