Naturez’e alma vate, assi cantando
Naturez’e alma vate, assi cantando
com os muros de ventos, me tomavam
na forte melodia que tocavam,
quando tomei, á caneta, começando:
“Bendito for’o mês e dia, quando
tão fulgurados olhos me atavam;
benditas for’as horas que passavam
e mais bendit’o afeto qu’ía aumentando.
Assi cantava, quand’o Amor tomou
o dia e a noite, que na roda viva
teciam à vida e à morte, à seu segredo.
Prostou-me, eternamente, esse mor medo
de deixar que do peito se vá a estiva
esse dano que me assola e que ficou.