Naturez’e alma vate, assi cantando

Naturez’e alma vate, assi cantando

com os muros de ventos, me tomavam

na forte melodia que tocavam,

quando tomei, á caneta, começando:

“Bendito for’o mês e dia, quando

tão fulgurados olhos me atavam;

benditas for’as horas que passavam

e mais bendit’o afeto qu’ía aumentando.

Assi cantava, quand’o Amor tomou

o dia e a noite, que na roda viva

teciam à vida e à morte, à seu segredo.

Prostou-me, eternamente, esse mor medo

de deixar que do peito se vá a estiva

esse dano que me assola e que ficou.

Aprendiz
Enviado por Aprendiz em 19/11/2006
Código do texto: T295632