EDAZ

Tu, que chegaste colorindo-me as auroras,

que, mansamente, ofereceste o teu amparo

e ardente chama a derreter as lentas horas

do meu martírio tão sangrento, tão amaro.

Tu, que plantaste em meu canteiro a tua flora,

que amanheceste o meu sentido em dias claros,

com teu encanto que mandou-me a dor embora,

com teu condão fluindo em mim os dotes raros.

Ah, tu pintaste nos meus sonhos luz dourada,

sopraste as asas em minh'alma apaixonada

e acreditei no amor eterno e verdadeiro...

Mas a paixão que me inspirou, edaz, denodo,

descubro agora, não passou de vil engodo,

pois me secou a identidade por inteiro.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 10/05/2011
Código do texto: T2960392
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