EDAZ
Tu, que chegaste colorindo-me as auroras,
que, mansamente, ofereceste o teu amparo
e ardente chama a derreter as lentas horas
do meu martírio tão sangrento, tão amaro.
Tu, que plantaste em meu canteiro a tua flora,
que amanheceste o meu sentido em dias claros,
com teu encanto que mandou-me a dor embora,
com teu condão fluindo em mim os dotes raros.
Ah, tu pintaste nos meus sonhos luz dourada,
sopraste as asas em minh'alma apaixonada
e acreditei no amor eterno e verdadeiro...
Mas a paixão que me inspirou, edaz, denodo,
descubro agora, não passou de vil engodo,
pois me secou a identidade por inteiro.