Insônia
Herculano Alencar
Drosófila, de vôo traiçoeiro,
que zumbe dia e noite em meu ouvido,
como se fosse a flecha do cupido
a procurar um alvo inda inteiro.
Ó díptero que sente, pelo cheiro,
o último suspiro da paixão,
que tem, da morte, a trágica visão,
antes de ser entregue ao coveiro.
Ó musa da paixão mendeliana,
modelo da genética humana,
que reina na ciência, absoluta...
Eu rogo, pela paz da tua asa,
que voes para longe desta casa
e deixe-me dormir, filha da puta!