ESPERANÇA

O silêncio soará como um grito de raiva

arrancado à prisão que te tolhe os sentidos

numa muda explosão dos momentos vividos

que te agridem... flagelam como uma saraiva.

Como o mestre da barca que colhe uma draiva

não desistas de ti. Pelos tempos sofridos

em que não te perdi mas ficámos perdidos...

pela chuva fechados... presos numa gaiva.

E se bradas ao vento a doçura do amor,

teu olhar mostrará a amplitude da dor

que te rasga as entranhas em moldes de fel,

o teu corpo moldando de forma sofrida,

mas com laivos de esp'rança raiados de vida

em teu corpo embutidos qual favos de mel.

Sintra, 20/11/2006

António CastelBranco
Enviado por António CastelBranco em 25/11/2006
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