ESPERANÇA
O silêncio soará como um grito de raiva
arrancado à prisão que te tolhe os sentidos
numa muda explosão dos momentos vividos
que te agridem... flagelam como uma saraiva.
Como o mestre da barca que colhe uma draiva
não desistas de ti. Pelos tempos sofridos
em que não te perdi mas ficámos perdidos...
pela chuva fechados... presos numa gaiva.
E se bradas ao vento a doçura do amor,
teu olhar mostrará a amplitude da dor
que te rasga as entranhas em moldes de fel,
o teu corpo moldando de forma sofrida,
mas com laivos de esp'rança raiados de vida
em teu corpo embutidos qual favos de mel.
Sintra, 20/11/2006