Soneto sem sal


Sobra um verso esquecido no vento,
E é tão lento, que escapa da rima.
Veste em cima da capa um tormento,
obra e tento, ao sentido do clima.

Quer que acima da fé e da jornada,
tudo ou nada, em manobra ter sido,
mudo ou ido, por cobra, na escada,
perto, em cada tripé, não partido,

Ser, ruído, ou colher, ou um filé:
tão sem fé, e contudo, a desdobra,
não qual obra de escudo ou o relé,

ver quem é se a mulher se recobra,
pois se cobra ou se não não saúdo,
dois agudo é dever de um qualquer.
Amargo
Enviado por Amargo em 02/06/2011
Código do texto: T3010786