Soneto para a Vítima das Trevas*

© Lílian Maial

Herege, numa casca de inocência,

teu sangue é tão impuro quanto o meu!

Com tantas águas bentas, penitência,

a noite esconde instintos sob o breu.

Cuidado, ao me chamares por clemência,

que o meu prazer perverso me lambeu,

qual fria labareda em efervescência,

e aguça a brasa em ti, que não morreu!

Sugar-te o sumo rubro inda pulsante,

matar-me a fome torpe e aviltante,

e me afogar e a ti num mar de lama!

Eu bem que te avisei da tua sina:

cuidado, uma vampira tão ferina,

te deixa morto-vivo nessa cama!

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* Soneto feito em resposta ao soneto "Amor Vampiro", de Nathan de Castro.