Abandono
Clamando estou por teu amor e nada
Vem socorrer-me, só essa dor atroz,
Usurpa-me a alegria, rouba-me a voz,
Faz-me refém mudo da madrugada...
Chega-me enfim a clara luz da alvorada,
Penso então: Livrar-me-ei do vil algoz!
Mas seu gládio é mais forte e mais feroz
Que minha pobre vontade alquebrada...
Trilho n'ocaso a merencória estrada
Que me conduz aos portais do anoitecer
Na luz difusa d’uma tarde acinzentada...
Hora alta... Novamente jaz debruçada
No frio leito da madrugada a desfalecer
Minh’alma triste a clamar, abandonada...