Travessia
Ah! Meu amor, não chora assim... Não chora!
Já não te posso ver assim, tão devastada!
Queda minh’alma, imensamente desolada,
Pois que essa dor que te aflige, me apavora...
E mais me dói ao partilhar infausta hora
Ver-te em angústia e sofrimento, arraigada...
Mais eu teimo em dar-te luz, oh! Minha amada,
Antes que o próprio poente vá-se embora...
Revela a noite, a face fria e desapiedada,
Aumenta a dor que, fustigante, te devora
E faz minh’alma, pela tua dor, crestada...
Trilharei contigo, até o fim dessa jornada,
Estarei contigo sempre, como estou agora,
Até que se faça de novo florida nossa estrada...