O Poeta Feliz
Nos longos dias de desalento e de tristeza,
De quando a vida se torna lenta e enfadonha,
A recusa de sucumbir à dor tão medonha
É a única forma de se buscar alguma leveza...
O primeiro ímpeto é se entregar à aspereza,
Se deixar arrastar pela monotonia do lamento,
Mergulhar pra sempre na agonia do sofrimento,
Esquecer de vez que há no mundo cor e beleza...
Mas o que pode o pobre poeta contra o sentimento
Que o dotou, desde o nascedouro, do bom coração
Que o faz primar pela felicidade e pela alegria?
Nada pode fazer para perdurar a dor do tormento,
Pouco a pouco retorna, rindo e falando com mansidão,
E põe adormecida toda a agrura da vil agonia...