SONETO COM CHEIRO DE MATO

© Lílian Maial

Acordo no silêncio do teu colo,

E, logo, o alvoroçar do teu desejo

Derruba qualquer regra ou protocolo,

E traz a chuva e a terra no teu beijo.

Enchentes de carinho a tiracolo,

E um cheiro de café com pão de queijo

Despertam minha fome e, então, convolo

As noites sem dormir em mil arpejos.

Teus olhos vencem léguas, longos dias,

Deixando em minha porta alegorias

De um carnaval de insetos sem recato.

Percorrem minhas veias teus humores,

No céu, estrelas piscam, sem pudores,

Que o amor também é lua, é verso e é mato!

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