O Natimorto

Quando me vi à margem da tolice,

Ladeado apenas pela amargura,

Lançei-me ao lago cuja água é escura:

Pântano este onde está minha velhice.

Assombrado com tanta imundice,

Recorri, de pronto, à água mais pura:

À juventude, fim desta aventura,

Que calou-me do que no início eu disse.

Hei de saber uma etapa por vez!

Não mais porei um ano antes de um mês,

Como fiz no meu calendário torto!

O tempo há de passar, e eu de viver!

A velhice, não posso suceder,

Pois que, então, seria eu um Natimorto!

Preto
Enviado por Preto em 20/07/2011
Código do texto: T3107780
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