À PORTA
Minhas últimas palavras, deixo,
E depois podem me enterrar.
Se despeço-me da vida com desleixo,
Por qual motivo me condenar?
Minha carreira foi a do desespero
Profissão que a ninguém deixa
Ascender ao lugar primeiro;
Que toda boa porta, fecha.
Por isso me despeço sem testamento,
Nada tenho a oferecer à posteridade
Senão meu pobre pensamento
Que executa, com certa raridade,
Algo que realmente é alimento
Para os que estão na obscuridade.
Aracati-Ce, 10 de setembro de 2006.