VAZIO

Eu já suguei da vida todo o sumo

e não encontro mais nenhum dulçor

em frutas rubras, beijos meigos, flor,

sequei seus gostos n'álcool, noite, fumo.

Repito, cego em tédio, o mesmo rumo

seguido em tempos foscos, já sem cor,

de quando eu era um bom navegador,

mas velas gastas não possuem prumo.

Partido, sem as crenças lindas d'antes...

Contando meus pulsares, meus instantes...

Lançando, aos ventos, planos de papel...

Rastejo pelos campos ermos, frios

dos meus sentidos baços e vazios.

E acima destes campos não há céu...

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 29/07/2011
Código do texto: T3125790
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