MARTÍRIO

Aninhei-me ao vagar do padecer...

Gota a gota, a beber seus amargores,

vou aguando meus dias sem verdores

nos terrenos estéreis do viver...

Lentamente, nas horas claudicando

sob o peso da vida em desamor,

maculando meus céus de treva e dor...

Nunca mais as estrelas cintilando...

A fincar sua garra na ferida

infectada da sina combalida

me domina, letal, a vil rotina...

E nas plagas de rotas sempre esquerdas,

eu e as pragas de tortas, lentas perdas

aguardando o fechar desta cortina...

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 18/08/2011
Código do texto: T3167748
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