SURRA

Queimando em tua estrela reluzente,

torturo o meu afago brando e pleno...

Onde se esconde o riso tão sereno,

primaveril, do nosso amor nascente?

Atiras em meu cerne o olhar ausente,

vazio e indiferente ao meu aceno

que implora pelo teu antiveneno,

mas ante tal descaso, cai dolente.

Espraio em tuas raspas de atenção

meus restos de honradez e de decência,

enquanto os meus apelos tu empurras.

E quanto mais me escapas pela mão,

maior se torna a minha dependência

ferindo meus carinhos nestas surras.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 21/08/2011
Código do texto: T3172806
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