SOU O PASSADO.

Deus me segura a dor nas lágrimas sem grito,

Descendo pelo rosto, uma a uma, lentas

Iguais à solidão. Refeitas em tormentas

Que me desgastam fé e sonho. O meu escrito

É o simples sem sabor. Encurta-se e é restrito

Ao velho e insosso, triste. Inúteis águas bentas.

Peremptas. Nada mais do que águas peremptas

Comparando-se ao hoje, estético e bonito...

Sou o passado, amiga, inútil. Sepultado

No Sarcófago tempo... Estéril egíptano,

Obscuro e nada mais do que Justiniano.

Sou lagrima, sou dor sem sal, chão esgotado...

Um velho amorfo. O tempo em si me pôs de lado.

A árvore deu fruto e agora é o desengano...