A Morte
A noite fria enregelava o negro lago
de nenúfares obscuros e contorcidos,
gemeu a dor incontida dos desvalidos
que não lograram perceber o sombrio afago
da mão descarnada e implacável da morte
que tremulou seu denso manto nos ares,
consagrou sua foice em soturnos altares,
fez do sono eterno, seu príncipe consorte...
Ah! Não sentem quão indecifrável é tal sorte!
Não sabem seus corpos há muito esvaecidos,
tragados no breu dos sepulcros enegrecidos...
Onde reina perene, a dama dos adormecidos
a buscar, incansável, as almas dos escolhidos
sem compaixão ou piedade que os conforte...