DOCE VENENO
 
Carrego no meu íntimo a torpeza
Do peso de pecado e iniquidade,
Enquanto aspiro em vão pela leveza
De paz, sossego e de tranquilidade.
 
Eu sinto o travo do amargor na boca,
Enquanto anseio um néctar delicioso.
Tenho na alma a insanidade louca
E nas costas um fardo doloroso.
 
Amarfanhado entre tramas e teias,
Sou dual entre docilidade e fel,
Entre o celibatário e o lascivo.
 
Como o açúcar que corre em minhas veias:
Tão saboroso, entretanto tão cruel,
Tão deleitoso e bom quanto nocivo!
 
Oldney Lopes©