Anjo barroco

Morto o pressentimento da conquista,

já não evoco vitórias perdulárias,

ou lembranças inúteis e precárias

de um certo eu que talvez nem mais exista.

Minha cabeça repercute o oco

do eco interno da voz do caramujo;

sou o boxeur ensangüentado e sujo,

na lona após o derradeiro soco.

O reflexo de luz me embaça a vista,

nada mais há em mim que ainda resista

sofrer outro nocaute como troco.

Recolho-me às postagens solitárias,

e em cicatrizes reais e imaginárias

eu me vou reconstruir anjo barroco.

(Originalmente publicado no www.primeiroprograma.com.br/site

em 17/julho/2011)

luca barbabianca
Enviado por luca barbabianca em 15/09/2011
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