Soneto da lavandeira

Aquela lavandeira me faz lembrar

de quando minha avó me dizia

que a vida é uma grande poesia

dum grande rio qu’está a andar

No qual gente de todo o lugar

se reúne sempre à suas margens

com suas trouxas de roupa, imagens,

e, lavando, se põem a conversar

E na lavagem junto às águas

deixa-se correr toda a mágoa

enquanto segue a correnteza.

E, findos já de sua assepsia,

o que é branco à luz do dia

deixa transparecer sua beleza.