AMOR INFECUNDO

Engulo venenos de tuas injúrias,

viscosos, amargos, que descem cortando,

arranham garganta a sangrar, ressecando

o corpo arquejante, que esvai-se em penúrias.

Estive a teu lado, a chorar-te as lamúrias,

eu fui teu esteio, alicerce, teu brando

sentido a banir-te o vestígio nefando,

salvei-te dos laivos de tuas incúrias...

Mas hoje seguimos em rumos contrários;

embora tão sós, cada qual em seu mundo,

guardamos relíquias nos mesmos armários...

Sozinhos a dois, mergulhando profundo

no abismo da angústia, senões arbitrários,

velando um amor que sucumbe, infecundo.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 17/09/2011
Reeditado em 04/10/2016
Código do texto: T3224403
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