MAZELAS

Acorrentado em calabouço frio e escuro,

cercado aos quatro lados por maciças celas,

comendo minhas próprias, pútridas mazelas,

as larvas repulsivas do íntimo monturo...

Afasto o meu olhar do olhar candente e duro

que me cravando a fina presa em mordidelas,

devora os meus resquícios de emoções singelas

e arrasa o meu espírito em bestial conjuro...

Ai! Esse olhar atroz a me impedir o sono,

a submeter-me a vida ao seu tirano trono

se multiplica a transformar-se em mil gargantas!

Assustador, faminto olhar do meu passado

que lança sua flecha acima, abaixo, ao lado...

O olhar dos meus remorsos, minhas culpas tantas.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 18/09/2011
Código do texto: T3226161
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