A INSÂNIA DO TEMPO

No encanto de olhar-te cuidando das rosas

alegres, singelas do nosso jardim,

colhia cantigas de dentro de mim,

soprava nas brisas de sortes maviosas...

No espanto de ver-te pisando nas rosas,

às febres severas em fossos do fim,

eu colho fadigas do centro de mim

e tranço nas frisas de mortes penosas...

O tempo ratou, desgastou-nos o enlace.

E nós a esperarmos que o dia se passe

à sombra do pálido sol dos descrentes...

E assim, os floridos vividos, passados

se murcham na insânia do tempo, esmagados

aos pés de lembranças senis e doentes.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 23/09/2011
Reeditado em 02/03/2014
Código do texto: T3235816
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