LOUCURA

O bradar das loucuras me estronda aos ouvidos

e me queima em fagulhas geladas de raio,

mergulhando lembranças de amores havidos

neste verso amputado em que aflito me espraio.

E a dureza de pedra dos tais alaridos

me atravessam a chaga que embala o desmaio

dos sentidos, meus nervos em crus estampidos

e sombrio e sozinho e sangrando eu me caio.

E o bradar dessas pedras das minhas loucuras

ensurdece o meu sonho afogado em agruras,

escaldando o viver no infindável inverno.

Não há como amansar a vileza da sina,

ter ao colo, dormir com a fera assassina

que devora meus restos em lascas, no eterno.