À Tardinha

Quando eu te vejo voltar, no fim do dia,

no horário pontual, nessa constância,

tento lembrar-me, à luz da geometria,

o teorema que mede essa distância.

É do outro lado da rua. Assim tão perto,

nem o horizonte aparece nessa parte.

É o primeiro plano, o ponto certo

para que meu amor possa alcançar-te.

Tenho-te assim na medida de um olhar,

de um gesto, de um sorriso, de um aceno.

Estás tão junto e o mundo é tão pequeno...

Mas quando vejo o teu vulto se afastar,

toda esta matemática se finda

como se mais larga esta rua fosse ainda.

Amaury Nicolini
Enviado por Amaury Nicolini em 10/10/2011
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