SEDE

Ó, rios secos dessas terras devastadas

pelo furor da natureza embrutecida

a vos negar as chuvas fartas derramadas

de nuvem santa lá dos céus, em véus vestida...

Lagoas mortas dos sertões, dilaceradas

na fúria austera da estiagem homicida...

Ai, tantas brasas de calor eternizadas

na dura pena dos que vivem sob a vida...

Ó, conformai, lagoas, rios de tristezas,

vede em minh'alma a vastidão desoladora,

pois eu perdi o meu amor e queimo aos ares...

E quedas d'água e cachoeiras, correntezas

oh, não saciam minha sede esmagadora

por seus carinhos, por seus beijos, seus amares.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 11/10/2011
Código do texto: T3269794
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.