Pudesse eu, nada planejaria a prazos longos
Pois as curvas do caminho nos alteram vontades
E os fantasmas das gavetas, com seus assombros
Vem e delatam nossas esquecidas verdades...
 
Pudesse eu, revolveria os meus escombros
Para medir, sem medo, a extensão da saudade
Tirando a dor antiga dos cansados ombros
Quiçá me tornasse mais íntima da felicidade
 
Pudesse eu, não esperaria nenhuma primavera
Daria liberdade às minhas enjauladas feras
Que me habitam a alma e o dolorido coração
 
Pudesse eu, renegaria todas as quimeras
Fecharia bruscamente as minhas janelas
Para não ver, à luz, a face oculta da solidão...