ASAS FERIDAS

Sou pássaro, talvez, de asas feridas

que paira sobre a solidão do ninho.

Não tive estradas largas nem floridas

e das rosas eu só colhi o espinho.

Sou pássaro, talvez, de asas partidas

que nesta vida sempre foi sozinho

e ainda chora as ilusões perdidas,

que ficaram nas curvas do caminho.

Sou talvez arabesco dos meus versos

de asas quebradas e sonhos dispersos,

onde a saudade é irmã da solidão.

Quem me dera encontrar porto seguro,

nas pedras escrever meu verso puro,

ter asas e voar pela amplidão!