O homem-bomba

Morri despedaçado, armado e louco

Trinitrotolueno atado ao peito

Morrer, depois de meu viver estreito

Foi como poder gritar um pouco.

Quem sabe este meu grito fraco e rouco

Fizesse no futuro algum efeito

Se os que se fazem donos do Direito

Ousassem dar-me meio-ouvido mouco

Meu berro foi tomado por um soco

Qual fosse um mal maior que o mal já feito,

Do preconceito, o mais nefasto troco

Foi só desesperado choro, o preito

De quem só vê seu organismo oco,

Um labor intenso, um gozo rarefeito.

Weber Palmieri
Enviado por Weber Palmieri em 21/10/2011
Código do texto: T3289866
Classificação de conteúdo: seguro