O homem-bomba
Morri despedaçado, armado e louco
Trinitrotolueno atado ao peito
Morrer, depois de meu viver estreito
Foi como poder gritar um pouco.
Quem sabe este meu grito fraco e rouco
Fizesse no futuro algum efeito
Se os que se fazem donos do Direito
Ousassem dar-me meio-ouvido mouco
Meu berro foi tomado por um soco
Qual fosse um mal maior que o mal já feito,
Do preconceito, o mais nefasto troco
Foi só desesperado choro, o preito
De quem só vê seu organismo oco,
Um labor intenso, um gozo rarefeito.