Chuva!
O cheiro de terra molhada no terreiro
fazendo exalar inda mais orvalhadas flores,
reporta minh’alma a dias d’outros amores
e verte meu coração em enorme canteiro!
É tal devaneio, assim, tão bom, tão fagueiro,
e tão transbordante d’aromas e de cores,
que faz revelar com clareza os pendores
que levam-me aos amores verdadeiros!
Desta sorte, ao chover, sou todo festeiro,
abandono completamente todas as dores,
fazendo d’orvalho um alegre companheiro...
E na chuva, que é fria, m'entrego a ardores,
pulando nas poças, tal qual moleque lampeiro,
até vir o sol, a sorver orvalho na face das flores...