Chuva!

O cheiro de terra molhada no terreiro

fazendo exalar inda mais orvalhadas flores,

reporta minh’alma a dias d’outros amores

e verte meu coração em enorme canteiro!

É tal devaneio, assim, tão bom, tão fagueiro,

e tão transbordante d’aromas e de cores,

que faz revelar com clareza os pendores

que levam-me aos amores verdadeiros!

Desta sorte, ao chover, sou todo festeiro,

abandono completamente todas as dores,

fazendo d’orvalho um alegre companheiro...

E na chuva, que é fria, m'entrego a ardores,

pulando nas poças, tal qual moleque lampeiro,

até vir o sol, a sorver orvalho na face das flores...

Aleki Zalex
Enviado por Aleki Zalex em 27/10/2011
Reeditado em 27/10/2011
Código do texto: T3301272
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