Arrebol
As luzentes madeixas da dama que se assentava
à cadeira dourada postada defronte à janela,
cintilavam à luz abrangente da tarde amarela
donde o sol, a três quartos de céu, a espiava.
À medida que o sol, lentamente, no céu baixava,
revelava a face da dama, muitíssimo bela!
...E ruborizava, ante a luz rutilante daquela
que mais parecia uma tela onde Deus pintava.
E de pronto, no céu, o rubor do sol s’espalhava...
...No horizonte, uma linha tênue já se alinhavava,
e em filigranas as nuvens bordava, pelas ourelas...
E o sol, desfalecendo de dor e amor, suspirava,
pois que já se fazia poente, e tristemente acenava,
deixando um rastro, iridescente, num céu d’aquarelas...