Soneto da Reflexão
Ao fim das contas, o que fiz de minha vida?
Só o que sei, é que tudo que ousei sonhar,
quase tudo, eu bem consegui realizar,
até mais fácil do qu’imaginasse minha lida.
Ainda assim, alguma coisa ficou esquecida,
qual não fosse dado a meu existir me revelar,
por que o vazio inda insiste em meu respirar,
e não cessa minh’alma de quedar, desfalecida.
Onde m’estará a derradeira verdade escondida?
Como poderia este portal oculto eu alcançar?
Deverei gritar, pr’acordar est’alma adormecida?
Ou seguir, somente? Sem bulir, sem matutar;
deixar em paz o coração, qual em sacra ermida...
...Que assim, por si, possa esse mistério se desvendar...