“Inocência profanada”

Ficou lá atrás, no vigor dos registros dos dias.

Nos nossos beijos ternos, nas manhãs de domingo.

No gemido gostoso pelas madrugadas baldias

No horizonte que expunha o sonho construindo

Nas noites de desvario a custodiar os desejos

No meneio de cabeça diante do carinho dengoso

Na languidez pairando, regendo nossos bocejos.

Após tomar posse de mim, desse jeito impetuoso.

Na síntese das tantas lembranças fumegantes

Fica a inglória solidão da fantasia adulterada.

Rabiscando meu sonho, sabota meus instantes.

Talhando a expectativa, estabelecendo o nada.

E na confusão que desnorteia minha estrada

Vejo permitida a inocência, um dia, profanada.

Glória Salles

30 outubro 2009

19h29min

-Registro na Biblioteca Nacional

-Ministério da Cultura

-E.D.A.