Impotência cruel, ó vã tortura!
     Ó Força inútil, ansiedade humana!
     Ó círculos dantescos da loucura!
     Ó luta, Ó luta secular, insana!
      
     Que tu não possas, Alma soberana,
     Perpetuamente refulgir na Altura,
     Na Aleluia da Luz, na clara Hosana
     Do Sol, cantar, imortalmente pura.
      
     Que tu não posses, Sentimento ardente,
     Viver, vibrar nos brilhos do ar fremente,
     Por entre as chamas, os clarões supernos.
      
     Ó Sons intraduzíveis, Formas, Cores!...
     Ah! que eu não possa eternizar as cores
     Nos bronzes e nos mármores eternos!

                                                  (do livro “Broquéis”)
 
 
Créditos:
www.biblio.com.br/
www.bibvirt.futuro.usp.br     
www.dominiopublico.gov.br



João da Cruz e Sousa (Brasil)
Enviado por Helena Carolina de Souza em 26/11/2011
Código do texto: T3357926