“Lavar a alma”
Em cada pingo da chuva as suplicas emudecidas
Falta cifrada fragmentando ávidas expressões
No céu azul das certezas mensagens esmaecidas
E a chuva mansa, promessa de trazer redenções.
Dos meus sótãos, tantos fantasmas despertam.
Evocados por lembranças aprisionadas no peito
Trazem a tona questionamentos que sonorizam
Endereços que perdi de momentos tão perfeitos
Reluto em deixá-las ir, ficam resquícios em mim.
Lacônica avaliação de tantas respostas utópicas
Temas estilhaçados, destroços de um folhetim.
Que arrastei pela vida, frias imagens retóricas.
Quero caminhar na chuva, cabelos em desalinho.
Lavar a alma, deixando todo o peso pelo caminho.
Glória Salles
20 novembro 2009
-Registro na Biblioteca Nacional
-Ministério da Cultura
-E.D.A.