O Silencio

Em qual espaço sideral te escondes, louca voz que não ouço?

Qual é o segredo de tua presença em força eterna e invisível?

Se me perguntassem o que mais odeio, diria: o silencio, moço...

Mas se a questão fosse, o que mais amo, o silencio, indiscutível!

Parece um paradoxo! Que resposta mais tola, dirias, certamente.

É que dizem que há virtude e sabedoria no silencio, não é verdade!

Pois que virtude há em um homem, condenado à morte livremente,

E numa sepultura, sem sombra, sem luz, às vezes em tenra idade?...

Não, mil vezes não! Clemência, tempo cruel! É uma triste sentença!

Mas se o silencio for de uma brisa suave, ouvindo apenas a si mesmo,

E esse ouvir for de um poeta ao longe... Murmurando o que pensa...

Andaria eu devagar, até o infinito, assim, mãos no bolso... A esmo!

E descansaria no silencio, embalado pelo amor que lhe sai das veias,

E vem pelo vento, na essência imortal de quem terce amáveis teias...

Poeta Camilo Martins

Aqui, hoje, 19.11.2011