Viúva-negra

Lúgubre, insana e homicida

Amante da frieza e da morte!

Ferina sedução, de fino corte,

Dissimulada, torpe e pervertida!

Nefasta mensageira da má sorte!

Algoz da avidez desprevenida!

Devora minha carne aprodecida;

Deleite-se da dor deste consorte!

Se a carne do cadáver te sustenta,

Preserva-me, ao menos, minha alma...

Reserva-te do verbo que abomina.

Não tens porque humilhar-me, assassina,

Se a tua sede, o sangue meu, acalma;

E a minha carne crua, te alimenta!

Roberto Barros
Enviado por Roberto Barros em 06/12/2011
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