Travesseiro solitário

Da janela, o tempo até esqueço

ao ver meu travesseiro solitário.

No silêncio luarado estrelar cresço

num árduo lamento desnecessário.

Lembro do fim nevoeiro, ao começo,

quando risos sem fim foram vários.

Agora sem a tua companhia adormeço

sobre um véu que dorme involuntário.

Cada noite despida trás o desfecho

de um tempo luz, mágico e ternário.

Em delírio febril lameado apodreço

neste peso maldito de sono contrário.

Ao ver meu travesseiro triste padeço

e junto derramo minha gota de orvalho.