DESMAZELO

Meu doce amor, que essa vá lhe achar com saúde.

Tenho sofrido o suplício de sua ausência,

Sentido uma saudade dura e incontrolável

Rasgando as águas turvas de meu coração.

Navalha impiedosa incisa sem deixar sangrar;

Dói feito a penetração pungente da espada.

Do beijo além do cheiro formoso da aurora

Sinto falta do despertar florido e fresco

E do adormecer nos braços do entardecer.

Do corpo retenho a ardência e o forte perfume

Da ambrosia e do néctar que, distraída, trouxeste

Por conta de um descuido dos deuses do Olimpo.

Meu doce amor vem, nem que seja por desleixo,

Cuidar das dobras bobas de meus sentimentos.