CENA URBANA

Cruzam a rua larga duas moças:

uma branca, delicada, amena,

olhos claros; desviando às poças.

Nove horas. Que manhã serena!

A outra parda, lábios grossos; magra,

lindas pernas... a um amigo acena,

entre os dedos um cigarro... Traga!

Nove e um. Que manhã serena!

Súbito, uma confusão se forma:

corre-corre na manhã tão plena.

Esbarrões, estampidos, gritos...

Vergonhosa e lamentável cena!

Calmaria... duas moças mortas.

Nove e dois. Que manhã serena!

Enzo Carlo Barrocco
Enviado por Enzo Carlo Barrocco em 15/07/2005
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