MEU CORPO NO VARAL
MEU CORPO NO VARAL
Exposto ao sol, ali, bem esticado,
tão limpo e claro ao raiar do dia,
Era a imagem da poesia
pelo olhar da manhã, observado.
Parecia um tecido delicado
e a brisa matinal o sacudia.
Inda orvalhado, que fotografia!
Que belo quadro estava ali pintado!
Meu corpo no varal, gente, que encanto!
Porém o tempo, o vento e o pó do mundo
Atingiram o varal e, tanto, tanto,
que agora apenas sou um trapo imundo
ao balanço de um vento nada santo,
bem enrugado, fraco, moribundo.